Eu amo o gênio, cujo raio esplêndido
Tirou-me o pranto no pungir da dor;
Há sempre um gozo no correr das lágrimas,
Há sempre um riso no murchar da flor...
Vê-se no templo se elevar o incenso
Puro, expressivo que se queima aí;
E Deus aspira o matinal perfume
D'etéreas flores que espalhou em ti...
Quando, sublime de sofrer, m'alma
Rompe dos prantos o sombrio véu,
São glórias tuas, virginais desmaios,
Quedas de rosas nos jardins do céu.
E quem não sente clarear o sonho,
A idéia santa dum viver melhor?
E as harmonias dum amor que torna
A fronte altiva, o coração maior?
Na voz dos mares, na expressão dos ventos
Há um mistério de fazer pensar...
Nas forças d'alma, no poder do gênio
Há um segredo que me faz chorar...
Tobias Barreto
(1839-1889)
Nenhum comentário:
Postar um comentário