- As árvores, meu filho, não têm almas!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!
- Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh’alma!...
- Disse – e ajoelhou-se, uma rogativa:
“Não mate a árvore, pai, para que eu viva!”
E quando a árvore, olhando a pátria serra,
Caiu aos golpes do machado branco,
O môço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!
Augusto dos Anjos
Eu.
Livraria São José, Rio de Janeiro, 1969
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