quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Evoé

Soam os clarins:
Evoé!

Uma tempestade de pernas
e sombrinhas rasgam o ar .
Todos abandonam a tristeza e
se entregam a batida de maracujá.

Soam os apitos:
pára a orquestra.

Uma trégua muito fugaz;
no meio do sereno burburinho
cruzam-se luxuriosos olhares;
ardentes desejos emanam nos ares.

Três pancadas no surdo:
o frevo rasga.

É retomada a procissão da carne;
o povo pulsa em passos cruzados;
tesouras, ferrolhos... me segura se não caio...
em delírio coletivo seguem embriagados.

A lua desponta no cais:

são três dias nesta pisada.


J.R. Maciel
Recife, 2005

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