Soam os clarins:
Evoé!
Uma tempestade de pernas
e sombrinhas rasgam o ar .
Todos abandonam a tristeza e
se entregam a batida de maracujá.
Soam os apitos:
pára a orquestra.
Uma trégua muito fugaz;
no meio do sereno burburinho
cruzam-se luxuriosos olhares;
ardentes desejos emanam nos ares.
Três pancadas no surdo:
o frevo rasga.
É retomada a procissão da carne;
o povo pulsa em passos cruzados;
tesouras, ferrolhos... me segura se não caio...
em delírio coletivo seguem embriagados.
A lua desponta no cais:
são três dias nesta pisada.
J.R. Maciel
Recife, 2005
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